sexta-feira, 2 de março de 2012

A mente de um psicopata

Eles agridem, torturam e matam sem arrependimento. Com total falta de compaixão por outras pessoas, o remorso é um sentimento que não existe em suas vidas. São considerados assassinos sem perdão, até porque nunca carregam o peso da culpa, matam por matar. A frieza presente nos atos de violência que cometem, normalmente, se reflete no momento em que são encontrados pelas autoridades. Foi o que ocorreu quando policiais prenderam Adelson Aparecido Thomaz, conhecido como "Paraná", acusado de matar friamente, após rápida discussão, um policial militar e deixar outro paraplégico em frente a uma casa noturna no centro de São Paulo, em 21 de novembro do ano passado. Descrito pelos agentes que o capturaram no último dia 27 como uma pessoa sem nenhum tipo de valor moral e incapaz de se sentir arrependido pela brutalidade do crime, "Paraná" pode ser mais um exemplo de indivíduo psicopata, portador do transtorno de personalidade antissocial.

Um experiente investigador da Equipe de Homicídios da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo ficou impressionado com a frieza e a falta de culpa do acusado ao falar sobre o crime. "Pelo que conversamos, ele não está arrependido da morte. Só se arrepende de ter atirado em dois policiais porque isso deixou a situação dele mais complicada. Só por isso. Mas não se arrepende de ter matado", relata. Segundo o investigador, a falta de reação ao ser surpreendido pela polícia também comprova a frieza do acusado. "Quando entramos na casa onde estava escondido, ele já deitou no chão. Não esboçou reação, não falou nada. Simplesmente deitou no chão. Isso não é comum. Normalmente quando prendemos alguém, essa pessoa fala alguma coisa, se justifica ou até tenta fugir. Ele não se mexeu", lembra.


Apesar de ser cedo para dizer que "Paraná" é psicopata, o psiquiatra forense José Taborda, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, diz que o sentimento de arrependimento de um indivíduo que comete um crime está diretamente ligado à estrutura de caráter dele: "Essa frieza e a falta de remorso geralmente aparecem em pessoas que fazem parte do grupo dos psicopatas". Segundo ele, não há um perfil fixo dessas pessoas. "Há vários tipos, uns mais sádicos, outros que cometem crimes do colarinho branco. Mas a postura em comum é que eles não se importam com os outros. Tudo gira em torno do seu próprio umbigo", destaca.

o que é um psicopata




O termo “psicopata” caiu na boca do povo, embora na maioria das vezes seja usado de forma equivocada. Na verdade, poucos transtornos são tão incompreendidos quanto a personalidade psicopática.

Descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hervey M. Cleckley, do Medical College da Geórgia, a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente.

No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com freqüência adotam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, exceto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos, em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos.